As pressões não nos farão calar
Não temos vocação para ser mártires
Liberdade não é uma prerrogativa particular, é um direito de todos. Foi em busca dela que 129 jornalistas foram agredidos no ano passado no Brasil. Metade deles fisicamente – na cobertura de protestos, por exemplo. Outros profissionais sofreram cerceamento à liberdade de expressão – por meio de ações judiciais – alguns foram ameaçados, intimidados. Três jornalistas foram mortos.
O relatório é da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e aponta que os autores da violência contra os profissionais da imprensa foram, em sua maioria, policiais, manifestantes, políticos e assessores.
Os dados refletem apenas os casos registrados. Mas esse número é bem maior. País afora centenas de outros jornalistas sofreram tentativas de limitações à atuação profissional. Integramos essa lista. Fizemos parte dela no ano passado, em Rondônia, e já constamos nas estatísticas desse ano, em São Gonçalo do Amarante.
Sempre soubemos que iríamos encontrar resistência. De políticos, principalmente – velhos coronéis que não gostam de ser cobrados, investigados, exigidos, fiscalizados.
Mal redigimos as primeiras matérias, reportagens e já há uma articulação engendrada para desconstruir nossa reputação. Há um movimento que busca fazer um linchamento moral. É natural. Quando não se consegue desqualificar a notícia, tenta-se desqualificar o profissional que a reportou.
O que não é natural, é o ataque ser comandado por um jornalista que deu a ordem de massacre a um grupo de blogueiros, em uma reunião à portas fechadas.
Há até grupos tentando encontrar manchas em nosso histórico profissional e pessoal. Mas sempre atuamos dentro dos princípios fundamentais do jornalismo e não nas sombras como parece ser prática em São Gonçalo.
Perda de tempo – Se em Rondônia, terra de conflitos agrários, disputas por diamante e ouro, corredor do tráfico de armas e drogas, não cedemos às pressões, não será aqui em São Gonçalo que iremos nos calar e deixar de servir à comunidade como um instrumento do exercício da cidadania.
A história conta que em 1645, soldados holandeses e índios Tapuias mataram ferozmente por estas bandas, homens, mulheres e crianças em uma chacina que ficou conhecida como o Massacre de Uruaçu. O morticínio foi motivado pela intolerância religiosa. Conta-se que os fiéis tiveram as línguas arrancadas para não proferirem orações católicas.
Quase 400 anos depois a intolerância continua aqui na Terra dos Mártires. Não temos vocação para ser vítimas e pretendemos exercer, com exaustão, a nossa voz em favor das minorias, porque como dizia Cecilia Meireles, “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.
Fonte: falarn.com
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