quarta-feira, 16 de novembro de 2011

SEGUNDO TEMPO ESTÁ PARADO EM SÃO GONÇALO

deu no Novo Jornal






Os 927 benefiaciados dos oito núcleos de São Gonçalo do Amarante cadastrados no Ministério dos Esportes aguardam desde julho do ano passado o início do programa Segundo Tempo. O NOVO JORNAL visitou três endereços no município onde deveria funcionar o programa. Em nenhum deles há ou houve qualquer atividade esportiva.
Em todos os locais, os entrevistados revelaram que o que existe de fato é a "PROMESSA" da prefeitura em começar o programa em pouco tempo. Um pouco tempo que já duram 16 meses.
Na contramão de quem deveria coordenar o projeto, o secretário municipal de Esportes, Flávio Henrique de Oliveira, responsabiliza o Ministério dos Esportes pela demora, já que a ordem de início só foi dada pelo governo federal em agosto deste ano. Ainda assim, mesmo admitindo o atraso, conta que o programa começou em setembro com reuniões nas escolas que receberão o programa e a convocação dos alunos.
A história, no entanto, não bate com o que a reportagem ouviu nos núcleos.
De acordo com o portal da transparência, o valor do convênio firmado entre o Ministério dos Esportes e o município de SãoGonçalo é de R$ 358,4 mil. Desse montante, a prefeitura local já recebeu R$ 179,2 mil. Na escola municipal Francisco Potiguar Cavalcanti, em São Gonçalo do Amarante, a placa do programa Segundo Tempo com as marcas do governo federal, estadual e municipal foi instalada na frente da escola em julho do ano passado. Marinalva Pereira da Silva é a diretora da escola do bairro Golandim visitada pela reportagem.
Ela conta que chegou a receber as fardas dos alunos este ano, mas teve que devolver porque a listagem dos beneficiados foi trocada com a de outro colégio. Assim como os demais diretores das escolas, Marinalva nunca soube o motivo real dos adiamentos.
“O secretário de Esportes quando vem aqui só diz que vai começar segunda-feira. Aí a gente acha que toda segunda-feira vai começar, mas não começa. O que dizem é que o dinheiro não chegou e ainda estão resolvendoa questão da merenda”, diz.
Na mesma situação está Lenílson Valdevino Dantas, zelador do ginásio da rua João Evangelista, no bairro Jardim Lola, onde deveriam ser realizadas as atividades do núcleo da escola municipal Maria da Cruz. Boneco, como é conhecido na comunidade, será um dos monitores.Por enquanto, só ouviu promessas. “O secretário não falou em data, só disse que está perto de começar”, diz o zelador que, mesmo sem se dar conta disso, já fez mais pela comunidade que o poder público.
Sem incentivo algum, ele usa a condição de zelador do ginásio para ensinar futsal às terças, quartas e sábados para 70 crianças com idade entre cinco e 14 anos. “A gente faz porque gosta mesmo”, reflete.
No bairro do Amarante, também em São Gonçalo, o garoto Mizael Fernandes Nascimento tem que se virar sem instrutor mesmo. Quando não está na escola, no período da tarde, reúne os amigos para a pelada diária no ginásio vereador Lourival Florêncio de Morais. O local é aberto diariamente, de 8h às 22h, por um homem que os garotos chamamde ‘Pastel’. “Ele abre de manhã e só volta à noite para fechar”, diz o peladeiro. O ginásio está cadastrado como o núcleo do Amarante para receber o programa. E, segundo o secretário de Esportes Flávio de Oliveira, vai receber as crianças e jovens da escola municipal Vicente de França, localizada na rua ao lado. Mizael e os amigos nunca ouviram falar no programa 2° Tempo. No centro da quadra, preferem fazer outra coisa. Enquanto três amigos tocam a bola um para ou outro, o garoto que sobra tenta pegar a pelota para sair do meio da roda. O nome da brincadeira é sugestivo e diz muito da relação entre a comunidade e o poder público no programa 2°Tempo: bobinho.

SECRETÁRIO DIZ QUE MINISTÉRIO FARÁ UM ADITIVO NO CONVÊNIO

O secretário municipal de Esportes, Flávio Henrique de Oliveira, responsabiliza o Governo Federal pela demora no início do Segundo Tempo em São Gonçalo do Amarante. Ele garante que a prefeitura ainda não usou um centavo da verba de R$ 179,2 mil liberada para o programa e explica que, embora o projeto tenha sido aprovado em julho de 2010, a ordem de início autorizando o começo das atividades só foi dada em agosto deste ano. “A ordem de início foi dada dia 12 de agosto e chegou ao município dia 28. Tivemos um mês e 15 dias para organizar reuniões com os pais, explicar o programa e entregar o material”, disse.
O detalhe é que o convênio firmado entre o ME e a prefeitura de São Gonçalo do Amarante, no valor total de R$ 358,4 mil, se encerra em 31 de dezembro de 2011. Ou seja: o convênio que deveria ter uma duração de 17 meses, se começasse ainda em novembro teria um prazo menor que dois meses. Quanto a isso, Oliveira afirma que o Ministério dos Esportes fará um aditivo.
“Vão fazer aditivo de tempo por causa da ordem de início. Tem que complementar”, disse.
O secretário também sustenta que, apesar de não ter havido nenhuma atividade esportiva nos oito núcleos do município desde o convênio foi aprovado, o programa começou em setembro deste ano. “Os coordenadores e monitores começaram a convocar as crianças, é a etapa de sensibilização. Já começaram as reuniões, entrega de material, mas as atividades esportivas realmente ainda não”, diz.

VERBA PAGA SALÁRIOS, MERENDA E PARTE DO MATERIAL

A verba em dinheiro repassada pelo Ministério dos Esportes às entidades conveniadas é usada para custear a folha de pessoal, a merenda e, em alguns casos, parte do material esportivo usado nas atividades.
O detalhe é que o governo federal envia kits para a prática de esportes, mas os gestores dizem que não dá para todos. Os recursos são divididos entre o que o Ministério dos Esportes manda e o que a entidade conveniada entra de contrapartida. A folha de pessoal é formada por um coordenador geral com salário de R$ 2.400, um coordenador pedagógico com salário de R$ 1.200, coordenadores de núcleos com salários de R$ 900, monitores de atividades esportivas por núcleo com salário de R$ 450 e monitores de atividade complementar por núcleo com salário de R$ 225. Da folha, o governo federal só não paga o coordenador geral, que entra na cota da contrapartida. A verba do Ministério dos Esportes também custeia a merenda.
Se o 2° Tempo de fato vingar, o custo mensal da folha de pagamento dos oito núcleos de São Gonçalo será de R$ 16.200. Ao final dos 17 meses, mantendo os salários em dia, os profissionais custarão R$ 275,4 mil. Para a merenda, levando em conta o valor total do convênio, sobrariam R$ 83 mil, o que significa que durante o período do convênio a alimentação de cada aluno custaria R$ 89,5.

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